quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

FTC atolada em dívidas

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Atolada em dívidas empresariais e principalmente trabalhistas, a situação da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) se complica cada vez mais. Sem receber salários há mais de três meses e sem ter os direitos trabalhistas recolhidos, professores das instituições de Salvador e de quatro cidades do interior do Estado ameaçam suspender as aulas dos próximos dias. Pais de alunos que concluíram o curso EAD, feito à distância, denunciaram que os filhos formados desde 2007, não receberam o diploma, devido à instituição não ter pago as chancelas e os formandos estão impedidos de ingressar no mercado de trabalho.

 Além de tudo isso, a instituição recebeu nota 2 do Ministério da Educação (MEC) e perdeu autorização para ensino à distância. Preocupados com a situação que vem passando, sem se identificar, professores procuraram a Tribuna na esperança de ter a situação regularizada, uma vez que, segundo eles, ninguém dá uma posição sobre os pagamentos em atraso. As informações divulgadas pelos professores dão conta que a instituição desviou mais de um milhão e oitocentos mil, referente ao ingresso de mais de 1.500 alunos que passaram no vestibular desse mês, e que o dinheiro está sendo empregado em compras de bens materiais, em nomes de “laranjas”. Nesse domingo, a FTC realizará um novo vestibular e novos alunos ingressaram na instituição. “Devido às dívidas trabalhistas que ultrapassa 8 milhões, oficiais de justiça foram na instituição há dois meses e tiraram alunos que estavam em aula nas salas do curso de odontologia e levaram as cadeiras.  Estamos trabalhando desmotivados, sem saber o que fazer. A situação caótica administrativa interfere no desenvolvimento acadêmico e os alunos estão prejudicados. Mestres e doutores foram mandados embora e apenas professores pós-graduados, o que não é permitido pelo MEC, estão dando aulas”, ressaltou um funcionário da instituição.

Dinheiro dos alunos – “O pior de tudo é que o dinheiro entra na instituição. Os alunos pagam adiantado pelos semestres e não sabemos o porquê a faculdade está atolada em dívidas e não paga os funcionários”, contou um professor. Procedente de um grupo empresarial da área de segurança, do empresário Gervásio Oliveira, a instituição já chegou a ter 60 mil alunos somados aos de Ensino à Distância (EAD) e nas duas instituições em Salvador, sendo a sede na Paralela, além de Vitória da Conquista, Itabuna, Jequié e Feira de Santana, que também sofre com os mesmos problemas.

Um dos fundadores da FTC, Gervásio Oliveira, reside numa luxuosa cobertura no Corredor da Vitória e já foi investigado pela Polícia Federal em 2007, relacionado na Operação Navalha, em função de informações identificadas por meio de grampos telefônicos que tinham como alvo oito empresários do ramo de segurança e prestação de serviços. Depois desse escândalo, o empresário se afastou da presidência da FTC e passou o cargo para o filho William.

A juíza Angélica de Mello Ferreira, Coordenadora da Central de Execução e Expropriação, informou que há 47 mandados de citação e penhora, sendo seis mandados de remoção de bens contra FTC, SOMESB E IMES que foram cumpridos pelos Oficiais de Justiça de Salvador. Ela relatou ainda que nos leilões de Salvador, no período de fevereiro a novembro desse ano, foram arrematados cinquenta e sete lotes com bens das empresas acima citadas. “A FTC é cliente habitual no que diz respeito às dívidas trabalhistas. Não temos noção do valor total das dívidas da instituição, pois ainda não foram catalogadas”, falou a juíza.

FTC ESCLARECE - Em nota a assessoria da instituição esclareceu: O salário dos professores começou a ser pago desde a última quarta-feira e nos próximos dias toda a folha estará regularizada. Quanto aos servidores, 90% já receberam os seus vencimentos. Esclarecemos que não procede a notícia referente ao curso de Odontologia: ao contrário, obteve conceito de curso com nota máxima, 5 (cinco) e Enade com nota 3 (três); foi considerado a segunda melhor Faculdade de Salvador; recebeu novo e moderno mobiliário, tendo as carteiras usadas sido recolhidas ao depósito da Rede. Quanto aos alunos do Ensino a Distância, eles estão concluindo normalmente os seus cursos, com colação de grau e diplomação. A Rede FTC assegura que todos os alunos em situação regular na sua documentação recebem, e receberão, o seu diploma. A Assessoria adianta ainda que não procede o boato quanto ao restante dos itens: considera mera ilação".

Por Silvana Blesa
Tribuna da Bahia

Bispo da Igreja Universal e senador Marcelo Crivella recusa acordo sobre criminalização da homofobia

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Líder evangélico no Senado recusa acordo sobre criminalização da homofobia

O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) afirmou, na sessão plenária do Senado desta terça-feira (6), que a bancada evangélica na Casa considera não haver acordo a respeito do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006 que criminaliza a homofobia. Um substitutivo do texto, relatado pela senadora Marta Suplicy (PT-SP), consta da pauta da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.

Crivella declarou que aceitaria um acordo do arquivamento do PLC 122/2006 e substituição pelo substitutivo. Porém, ele alega que Marta teria insistido em colocar o projeto original em votação, com ajustes. Em julho deste ano, os termos gerais do texto alternativo aceito pela bancada evangélica foram acertados em reunião que contou com as presenças da petista e do senador do Rio de Janeiro, além de Demóstenes Torres (DEM-GO) e do presidente da Associação de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ALGBT), Toni Reis.

"A senadora Marta (Suplicy) disse que havia construído um acordo. Nós gostaríamos de terminar com o projeto e construir um novo texto, mas ela insistiu com emendas, que melhoraram (o texto), mas não há acordo. Se for para colocar em votação, nós votaremos contra", avisou. O PLC 122 amplia a abrangência da Lei 7.716/1989, que trata da discriminação decorrente de raça, religião e origem. Pelos termos aprovados na Câmara há cinco anos, o preconceito ligado a gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero também passaria a ser considerado crime. O projeto estava arquivado desde o fim de 2010, ao término da legislatura passada. No início deste ano, porém, Marta Suplicy solicitou a retomada da discussão. A Comissão de Assuntos Sociais aprovou o texto em 2009, por isso, ele foi encaminhado diretamente à de Direitos Humanos. O acordo de julho incluía batizar o substitutivo com o nome de Alexandre Ivo, jovem carioca morto em junho de 2010, aos 14 anos, em um crime de ódio. Ele foi vítima de um grupo que agredia um jovem homossexual. Segundo a mãe do adolescente, Angela Ivo, por ser muito novo, ele não havia tido nenhuma experiência sexual, "estava se descobrindo", e "jogava bola, andava de skate" etc.

A bancada evangélica é um dos principais polos de resistência ao projeto. Acreditava-se, porém, que o acordo costurado há cinco meses evitaria a retomada das divergências – ainda que não houvesse consenso sobre todos os pontos. A posição de Crivella, porém, desfaz a avaliação. Movimentos ligados à comunidade LGBT enxergam na criminalização da homofobia uma forma de assegurar direitos humanos dessa população.

Por: Anselmo Massad, Rede Brasil Atual