segunda-feira, 10 de maio de 2010

Oração oficial aprovada pela Conferência Episcopal da África do Sul para o Mundial de Futebol 2010.

Deus todo poderoso, criador de todas as coisas,
enquanto pessoas de todas as nações se congregam,
com paixão e entusiasmo para a Copa do Mundo de Futebol 2010,
que nós, sul-africanos, possamos ser bons anfitriões,
que nossos visitantes sejam hóspedes bem-vindos
e que os jogadores de todos os times sejam abençoados
com um bom espírito esportivo e com a saúde.
Que teu Espírito de equidade, justiça e paz
prevaleça entre os jogadores e participantes.
Que possam contribuir, cada qual à sua maneira,
de forma positiva para a prevenção, o controle e a luta
contra o crime e a corrupção, o vandalismo de qualquer tipo,
a exploração e o abuso de todos os mais vulneráveis.
Que aqueles que estarão longe de suas casas e de suas famílias
encontrem muita alegria por ocasião da celebração
de belos jogos de futebol e do belo jogo da vida
conforme Teu plano para o bem comum de todos.
Amém.

O casamento não é mais que um.

Professor de Antropologia no Centro Universitário Vilanova (Universidade Complutense de Madri) e capelão, José Pedro Manglano (www.manglano.org) é doutor em filosofia e combina seu trabalho sacerdotal com cursos, palestras e com a direção do Planeta Testimonio. Manglano é membro do Conselho Assessor do Observatório para a Liberdade Religiosa e de Consciências (www.libertadreligiosa.es).

Quantos casamentos existem?
Manglano: Não existe mais que um casamento. Não podemos esquecer que só se casa quem se casa. Ninguém casa! Quando fazem o ato livre de entrega total ao seu ser masculino e feminino, geram uma relação particular que chamamos "matrimônio". Consiste em uma união orgânica, de modo que dois formam "uma só carne". Isso - insisto - só pode fazer quem se casa. Só eles fundam ou criam um novo matrimônio.
Portanto, não há um matrimônio civil e outro religioso. Não. Isso são instâncias que reconhecem ou não o matrimônio, o único matrimônio. O Estado diz: "Se querem que eu os reconheça como matrimônio, se querem que minha legislação sobre o matrimônio se aplique, Eu - Estado - exijo seu consentimento diante de um funcionário, com tantas testemunhas, para preencher esse formulário...e o que for", a fim de estabelecer pela autoridade civil. Falamos então de um casal que realizou um casamento civil. Também a Igreja, para reconhecer aos cristãos seu matrimônio, pode exigir algumas formalidades a fim de começá-lo. Então falamos de casamento religioso, mas é o único matrimônio.

A aliança, o arroz, dotes... Conte-me: de onde surge tudo isso?
Manglano: Tudo isso? Impossível. Cada uma dessas tradições se formam em um lugar e momento determinado, se configura pouco a pouco, têm raízes também em outros lugares... Trata-se de expressões de linguagem simbólicas. Isto é, nas realidades abstratas ou espirituais - como pode ser o desejo de prosperidade, o desejo de descendência, a pertença de um ao outro...- se pode expressar e manifestar de maneira física, corporal e material. Os homens necessitam fazê-lo. Estes símbolos e rituais são profundamente humanos. Convém conhecer seu sentido e realizá-los com autenticidade. Do contrário, se convertem em formalismos ou em elementos ornamentais, que terminam por afogar com liturgias cheias de vazio.

O matrimônio é um sacramento de dois, enquanto os outros sacramentos são "individuais". Por que é assim?
Manglano. Efetivamente, são dois que "sofrem" a ação do Espírito de Deus, ação que faz de ambos uma só carne. Poderíamos falar que a ação transformadora que opera esses sacramentos é a de realizar uma unidade, uma comunhão total de vida e amor.A partir de seu ato livre por decidirem se unir, o Espírito constitui uma comunhão que a liberdade de ambos deverá realizar progressivamente em suas vidas. É um sacramento de dois no sentido de que antes são dois e é um sacramento de um no sentido que depois são um.

O matrimônio... se descobre ou se cria?
Manglano: Parece-me que essa é a questão moderna mais interessante. Em um século XX marcado pela filosofia da suspeita - suspeita antes de tudo que parece imposta ao homem -, decidimos reinventar o matrimônio. Levamos cinquenta anos experimentando, afirmando: ‘o matrimônio significa que os casais se amam, e ninguém tem que dizer como viver, nem ditar regras que rompam a espontaneidade livre da relação". A revista Time publicou recentemente que a última pesquisa do Pew Reserarch Center concluía que os jovens do milênio - quem tem 18 anos - resultam em algo convencional: 52% deles marcam como primeiro objetivo ser um pai exemplar e ter um matrimônio estável e fiel. É visível que os inventos têm gerado mais dor que felicidade. Poderíamos dizer que o matrimonio institucional - por contrapor ao matrimônio a la carte, fabricada pelo casal - segue sendo o ideal. Parece-me interessante estudar essa questão em diálogo com as letras das canções de Joaquín Sabina. Ele afirma que acreditava se tratar de estrelas e resultaram ser tubos de néon; isso é, que não se trata de um mistério mas algo de fabricação cultural. Contudo, estou convencido que o matrimônio, longe de inventá-lo, nos inventa. O matrimônio tem seu DNA particular, não estipulado por nada além da verdade do amor conjugal.

Historicamente havia casamentos entre recém nascidos... Melhoramos, não?
Manglano: Melhoramos muito, e também pioramos muito. O matrimônio, em si mesmo, é um modo de vida que faz bem e trás felicidade ao homem. O matrimônio resulta intensamente em um atrativo tal, mas está sempre ameaçado pela maldade do homem. O homem geralmente ataca - sem má intenção, mas ataca - a verdade do matrimônio para manipulá-lo segundo seu interesse. No século VIII o resultado dessa manipulação foi este: quando os missionários cristãos levavam o Evangelho aos povos bárbaros, na Bulgária e em outros povos germânicos encontraram a tradição de casar as crianças apenas recém nascidas. Era uma forma de alcançar as alianças familiares e seus benefícios econômicos ou políticos, adiantando o tempo. O protagonismo do casamento, então, não tinha o amor. Isso só chegou em torno do século XI, precisamente quando a teologia cristã estuda a Trindade e redescobre que Deus é um movimento eterno de amor; portanto, o amor é importante, e nos matrimônios deverá ser respeitado seu papel, seu insubstituível protagonismo. Sim, nessa percepção melhoramos. Mas ao mesmo tempo perdemos outras percepções, como o valor libertador da instituição, ou a necessidade da paciência e o "domínio de si" para realizar com fidelidade e em plenitude o projeto criado, ou o poder destrutivo da anticoncepção...

O senhor afirma que sem vínculos não há liberdade. É uma provocação?
Manglano: Eu gosto. Enquanto não se provoca a razão, o racionalismo nos limita de tal forma que o conhecimento nos afasta da beleza da vida real. Sim, não podemos reduzir os mistérios da existência do homem a fórmulas matemáticas e silogismos a todos os níveis. A verdade dos mistérios humanos, como é o fato de sua liberdade, são sempre paradoxais para a razão. Por esse motivo abordo a questão, de acordo com o método do caso no diálogo com Antoine de Saint-Exupery e sua mulher Consuelo. São duas pessoas ‘libertinas' que esperam que a felicidade lhes proporcione independência e autonomia. Saint-Exupery, como o Pequeno Príncipe criado por ele, viaja por distintos planetas da vida; conhece outras tanta rosas iguais a sua... Consuelo, também de abordagem libertina, sofre pelas ausências de seu marido e as relações que mantém com seus amantes. Saint-Exupery, no final, descobre uma grande verdade: sua rosa é única, nenhuma tem valor, mas sim aquela a quem foi entregue; só quem está cativado encontra sentido para a sua existência; é então quando a raposa lhe ensina que domesticar é estabelecer laços, criar vínculos. Muitos não sabem que o Pequeno Príncipe é uma carta de amor de Antoine a sua mulher, movida por um profundo arrependimento. É assim: se queremos independência, o matrimônio é um mal caminho. Se pretendemos ser felizes, este vínculo com nós mesmos, nos permite sermos livres realizando o projeto concreto que somos. Sendo mais intensamente esposo, sou mais livre, sendo mais inteira e elegantemente esposa, sou mais livre. A vida diz que é assim, e a razão diz que é o mais sensato... Assim são os mistérios humanos.

ROMA, DOMINGO, 9 de maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Família: Mães, colaboradoras especiais de Deus

Em maio, nossas atenções voltam-se naturalmente para a celebração do Dia das Mães. A data e suas comemorações são excelente oportunidade para fecundas reflexões em torno da vocação de nossas mães. A poetisa e filósofa alemã Gertrud von Le Fort aponta para a altíssima e sublime missão que o próprio Deus concedeu a elas: “Quando Deus tem o seu altar no coração da mãe, a casa toda se torna seu templo!”

Essa convicção ganha mais sentido quando a associamos à história de tantas mães que, nestes dois milênios de cristianismo, educaram grandes santos. Que o digam as mães de Santo Agostinho, de Santa Luzia, de São Sebastião, de São João Bosco e as mães de tantos santos e santas, ou de verdadeiros cristãos e cristãs que dignificaram a história da Igreja.

Missão na família e na sociedade

O Documento de Aparecida (456) destaca a singular missão das mães na família e na sociedade: “É urgente valorizar a maternidade como missão excelente das mulheres. Isso não se opõe a seu desenvolvimento profissional e ao exercício de todas as suas dimensões, o que permite serem fiéis ao plano original de Deus que dá ao casal humano, de forma conjunta, a missão de melhorar a terra. A mulher é insubstituível no lar, na educação dos filhos e na transmissão da fé. Mas isso não exclui a necessidade de sua participação ativa na construção da sociedade. Para isso, é necessário propiciar uma formação integral de maneira que as mulheres possam cumprir sua missão na família e na sociedade”.

Em seguida, o mesmo Documento (457) aponta para o “ministério” da mulher-mãe a serviço da vida: “A Igreja é chamada a compartilhar, orientar e acompanhar projetos de promoção da mulher com organismos sociais já existentes, reconhecendo o ministério essencial e espiritual que a mulher leva em suas entranhas: receber a vida, acolhê-la, alimentá-la, dá-la à luz, sustentá-la, acompanhá-la e desenvolver seu ser mulher, criando espaços habitáveis de comunidade e comunhão. A maternidade não é uma realidade exclusivamente biológica, mas se expressa de diversas maneiras. A vocação materna se cumpre através de muitas formas de amor, compreensão e serviço aos demais. A dimensão maternal também se concretiza, por exemplo, na adoção de crianças, oferecendo-lhes proteção e lar”.

Especial colaboradora de Deus

Procriar filhos é um fato que se encontra em toda a escala animal. A maternidade vai muito além do fenômeno biológico, enfatizou Aparecida. É a sua dimensão espiritual que lhe dá a grandeza plena; através dela, a mãe se torna especial colaboradora de Deus, tanto na obra da criação quanto da salvação.

Lúcia Jordão Villela, num de seus livros – O assunto é mulher – fala dessa maternidade espiritual que sobrepuja a maternidade física. Que o digam as “madres” dos colégios religiosos (nos quais se formaram gerações e gerações), além de outras grandes educadoras, e tantas mulheres que nunca se casaram, não tiveram filhos de sua carne, e são MÃES admiráveis na ordem do espírito e do coração. Quantas tias, quantas catequistas, sendo mais mães desses filhos do que as próprias mães que os geraram! Quantas jovens missionárias de hoje, corajosas pioneiras dessa nova forma de irradiação da mulher, vivendo em comunidades no meio do povo, nas favelas das grandes cidades ou nas comunidades do interior, se inscrevem também nessa linha de generosa doação de vida, apontando para seus filhos “na ordem do espírito e do coração”, os valores e o verdadeiro sentido da vida!

Maternidade física e espiritual

A maternidade, física e espiritual, comporta alegrias, responsabilidades e muitos sacrifícios. A mãe, por vocação e missão, é chamada à constante doação e renúncia de si própria. Não doação e renúncia que a diminuem, mas que engrandecem e tornam mais plena e realizada a sua vida de mãe. “Ser mãe é ter tudo e não ter nada. Ser mãe é padecer no paraíso!” – já escrevera o nosso poeta Coelho Neto.

A Igreja tem insistido sempre nessa responsabilidade materna da educação religiosa dos filhos. As mães são sempre as primeiras catequistas de seus filhos. “Os pais são os primeiros e principais educadores, e a família, a primeira escola de virtudes.” (João Paulo II, em Familiaris Consortio, 36.)

Realidade de muitas famílias hoje

O Diretório da Pastoral Familiar (nº 24) pondera: “A dupla jornada de trabalho e o acúmulo de papéis assumidos pela mulher, seja em razão do empobrecimento, seja pela procura de uma realização pessoal, deixam muitas vezes sem a devida assistência as crianças e os adolescentes. A presença da mulher-mãe é fator determinante para um sadio crescimento afetivo e integral do filho. A Igreja tem contribuído para a emancipação e a recuperação da dignidade da mulher, mas ao mesmo tempo sempre tem afirmado que ‘a verdadeira promoção da mulher exige também que seja claramente reconhecido o valor da sua função materna e familiar em confronto com todas as outras tarefas públicas e com todas as outras profissões’ (João Paulo II)”.

Mães, educação e oração

À mãe cabe educar e formar a consciência dos filhos, passar-lhes os princípios éticos e os valores que contam, dar-lhes a retidão e a firmeza, a fim de que possam enfrentar os desafios que a vida vai-lhes oferecer, das mais variadas e surpreendentes maneiras.

Na “escola da mãe”, os meios que mais têm proporcionado resultados são o exemplo de vida e a oração. Oração pelo marido, pelos filhos, pela união da família, oração por todos. A oração é tarefa primordial da mãe. “A oração é a mais poderosa forma de energia que se possa suscitar; uma força tão verdadeira quanto a gravitação universal” – confirma o grande sábio francês, Alexis Carrel, convertido após uma peregrinação a Lourdes. De fato, os primeiros ensinamentos da fé cristã são aprendidos “nos joelhos da mãe e no colo do pai”.

Pe. Sebastião Sant’Ana, SDN
(Belo Horizonte -MG)

Maria, Mãe de Deus

Ninguém jamais experimentou o mistério inefável da salvação, como Maria, a Mãe de Deus. Ela acolheu, profundamente, no coração esta realidade sublime que foi a obra salvífica de seu Filho. Por isto, Ela é para nós a Mãe de Misericórdia, porque, mais do que ninguém ela conheceu a fundo o amor desvelado de Deus para com suas criaturas, revelado na Encarnação do Verbo em seu seio puríssimo. Tanto isto é verdade que, no seu cântico de louvores ao Criador, ela afirmou que a misericórdia divina se estende de geração em geração (Lc 1,50), tornando-se ela mesma um canal extraordinário das redentoras graças divinas. Desde o dia triunfal da ressurreição de Cristo, fundamento de nossas esperanças, a Igreja jamais deixou de dirigir à Mãe de Jesus uma parte de sua gratidão pelo incomparável benefício que prestou ao gênero humano e pelas múltiplas e repetidas provas de sua assistência materna. Para que, de um modo visível, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade visitasse esta terra, para que se fizesse homem como nós e nos ensinasse o caminho da reabilitação, era necessário que uma mulher pelas suas virtudes e merecimentos, atraísse a atenção de Deus e O fizesse vir até nós. Mister se fazia que uma representante do gênero humano, bastante pura, santa, perfeita, que na terra fosse sua mãe, concretizasse em si aquela grandeza que deveria ter aquela que daria aos homens o Messias prometido. Era necessário que alguém sustentasse entre nós a pesada coroa, tão nobilitante, honorífica, mas difícil de se conservar: a coroa da santidade existencial. Esta foi a notável missão de Maria Virgem na obra da redenção da humanidade, obra salvadora realizada pelo Filho de Deus que se fez homem e habitou entre nós. Eis por que os cristãos sempre honraram e veneraram esta criatura privilegiada. Deparamos suas formosas imagens nos mais antigos recintos religiosos da cristandade. Todas as gerações que se sucederam no decorrer dos tempos foram transmitindo umas às outras, como herança preciosa, como valioso patrimônio, o culto daquela que neste mundo foi verdadeiramente a Mãe de Deus. Todos pararam um momento diante dos altares de Maria Virgem. Todos a lhe dirigirem uma súplica a implorarem sua poderosa proteção. Os séculos passados lhe edificaram inclusive suntuosas catedrais, lhe cantaram maviosos hinos, derramaram contritas lágrimas de piedade e de amor diante de suas estátuas. Os tempos modernos, cujo ideal parece ser a negação das crenças antigas, cuja ambição se apresenta como demolição da moral religiosa, dos princípios éticos fundamentais sobre os quais descansa o edifício social, a organização da família e a consciência do indivíduo, volvem ainda amorosamente os olhos à Virgem Santa e dela se lembram nos dias de grande calamidade, para ela se voltam nos instantes de amargura e sofrimento. É que no íntimo dos corações, no mais profundo da consciência, está insculpido o senso deste poder superior que desce do seu trono de graça e de misericórdia por ser ela Rainha poderosa, Mãe do Verbo de Deus Encarnado.

Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho - :Mariana (MG)

terça-feira, 4 de maio de 2010

“Igreja atravessa um momento de profunda tristeza e amargura”, diz dom Lorenzo Baldisseri

O núncio apostólico no Brasil, dom Lorenzo Baldisseri, presidiu a missa que abriu a 48ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, nesta terça-feira, 4, no Santuário Dom Bosco, em Brasília (DF). Em sua homilia, dom Lorenzo discorreu sobre a paz e sobre o momento atual vivido pela Igreja, por causa dos casos de pedofilia praticados por membros do clero.


“A Igreja hoje atravessa um momento de profunda tristeza e amargura, um Getsêmani, um suor de sangue com dor e sofrimento”, disse o núncio. “A Igreja figura nas páginas dos jornais e de outros meios de comunicação, fustigada, exposta ao público ludíbrio, pelas fraquezas de alguns de seus membros qualificados, os quais foram responsáveis de pecados e crimes gravíssimos, passiveis de juízo diante de Deus e dos tribunais”, continuou.

Para o núncio, este é um tempo de purificação e de penitência. “Acompanhamos com lucidez e clareza quanto acontece e os pastores e os Superiores maiores estão convidados a tomar de imediato as medidas adequadas, instruídas pela Santa Sé, para aplicar as penas correspondentes aos responsáveis dos crimes cometidos no território ou nas áreas de própria competência, todos solidários para fazer frente a qualquer tipo de especulação e instrumentalização e, sobretudo, unidos ao Santo Padre, atingindo em primeira pessoa, por uma campanha orquestrada e perversa, volta a desacreditar a Igreja e aos seus membros mais elevados em hierarquia. Roguemos a Deus!”, afirmou.

A missa teve a participação especial de 13 novos bispos, nomeados desde a última assembleia. “Sintam-se bem acolhidos e recebidos com um abraço fraternal, no início do vosso pastoreio nas diferentes Dioceses do Brasil”, sublinhou dom Lorenzo. “Sei que estais ainda experimentando o temor e o tremor da primeira notícia e sabeis que a graça de Deus é grande e sereis recompensados pela vossa generosa disponibilidade para servir a Igreja”.

A Assembleia, que reúne mais de 300 bispos, continua até o dia 13 e tratará de vários temas como a Palavra de Deus, Comunidades Eclesiais de Base, Questão Agrária, Programa de Direitos Humanos e pedofilia. A Assembleia deverá aprovar também uma declaração sobre o momento político.

Fonte: CNBB

Em carta, presidente Lula saúda bispos participantes da 48ª Assembleia Geral



Na manhã do dia 30 de Abril de 2010, na abertura da 48ª AG, em Brasília, o arcebispo de Manaus (AM) e vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Luiz Soares Vieira, leu uma carta enviada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha.




Carta

Brasília, 30 de abril de 2010

A  S. Excia. Revma.
Dom Geraldo Lyrio
DD. Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Meu Prezado Dom Geraldo,

Neste momento em que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil realiza em Brasília sua Assembleia Geral, tomo a liberdade de lhe enviar minha fraterna saudação, com o pedido de que esta mensagem seja comunicada aos Eminentes Senhores Cardeais, aos Senhores Arcebispos, Bispos, Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, bem como a todos que compõem e participam desta grande Assembleia.

Antes de mais nada, quero cumprimentar a direção da CNBB pela iniciativa de realizar em Brasília, que comemora seus cinqüenta anos, tanto sua Assembleia Geral como o XVI Congresso Eucarístico Nacional. Esses dois eventos, além de honrarem e dignificarem a comemoração dos cinqüenta anos da Capital do País, certamente, por sua densidade espiritual, nos ajudarão na superação da grave crise política e ética que se abate tristemente sobre esta Cidade.

Como o Senhor deve se lembrar, tive a honra de visitar, em meu primeiro ano de Governo, a Assembleia Geral da CNBB que se realizava em Itaici; agora, esta Assembleia que se inicia coincide com meu último ano de Governo. Neste momento, Dom Geraldo, minha primeira palavra é de agradecimento pelo diálogo e pela convivência franca e fraterna que tivemos ao longo desses quase 8 anos. O apoio da Igreja Católica em suas instâncias nacional, regionais e locais foi fundamental para que pudéssemos realizar e implementar as políticas sociais nestes dois mandatos. Tenho consciência de quanto são importantes os convênios com as entidades religiosas para que as políticas sociais aconteçam de fato em todo o País e em toda sua capilaridade junto ao povo mais pobre e excluído. Ao mesmo tempo, as críticas e os embates, em temas específicos, que vivenciamos com maturidade nos ajudaram a corrigir erros e limitações. As divergências e posições diferenciadas que tomamos não afastaram em nenhum momento nossa vontade de diálogo e mútua contribuição.

Nosso Governo, Dom Geraldo, procurou nestes anos pautar-se pelo necessário equilíbrio entre sua definição como Governo de um Estado laico, e, ao mesmo tempo, desenvolver uma política de intenso diálogo com as diferentes Igrejas e Religiões. Tenho consciência dos desafios que esta posição implica, por se tratar muitas vezes de um debate entre diferentes culturas, sensibilidades e concepções éticas. No entanto, não abrimos mão deste relacionamento franco e foi nesta perspectiva que debatemos e levamos a bom termo nosso Acordo firmado e ratificado com a Santa Sé. Entendemos que este Acordo se constitui num avanço da institucionalização de nossas relações, dando maior segurança para a atuação da Igreja Católica em nosso País.

Mas sem dúvida, a questão que mais nos aproxima e identifica é o cuidado para com este grande contingente de brasileiros que ao longo da história foi mantido à margem da cidadania em seus mínimos direitos. Para mim, dom Geraldo, esta é a questão central da grande discussão, tão atual, em torno dos Direitos Humanos. Tenho consciência, Dom Geraldo que o Estado e o Governo estão em dívida com amplos setores da sociedade brasileira. E neste aspecto, sei muito bem que muito ainda resta a fazer, e um longo caminho a percorrer até que este País se constitua de fato numa verdadeira Nação e seus filhos tenham sua dignidade respeitada, e assegurado seu direito à participação verdadeiramente democrática em todos os sentidos.

Por outro lado, Dom Geraldo, confesso para o Senhor que o que mais me orgulha quando revejo estes longos anos de trabalho, é a constatação de que efetiva e concretamente conseguimos reduzir a fome, a miséria e a exclusão de nosso Povo ... e aí os números não mentem. Minha maior alegria nestes tempos consiste em observar os dados que efetivamente demonstram a redução das taxas da exclusão. Porque sabemos todos que atrás de cada número se escondem milhares de seres humanos que começam a realimentar sua esperança de vida digna. Da mesma forma bem sei que esses resultados foram fruto de escolhas claras e definidas que desagradaram a alguns, mas que acenderam uma nova luz no coração de nossa gente. Não me iludo nem me envaideço com os índices de popularidade. Mas eles servem para demonstrar simplesmente que nosso povo está se sentindo cada vez mais participante deste banquete antes restrito a minorias. E quero lhe reafirmar que a Igreja Católica, assim como outras entidades religiosas, tem uma importante participação neste processo. Seja por sua participação direta nas ações sociais, seja por seu posicionamento cobrando e exigindo políticas de atenção aos excluídos, assim como pela formação de muitas lideranças sociais que hoje são responsáveis por importantes processos de mobilização da sociedade brasileira.

Neste momento, Dom Geraldo, quero agradecer muito a Deus por tudo o que aconteceu nestes anos. Tenho para comigo mesmo que as bênçãos de Deus e de Nossa Senhora Aparecida, cujo Santuário pretendo visitar em ato de gratidão antes do fim deste mandato, foram essenciais para que chegássemos até aqui. E peço suas orações e de todos os Senhores Bispos para que sigamos nesta missão até o último dia deste mandato e que o Povo brasileiro tenha a luz e a sabedoria para fazer sua escolha quanto à nossa sucessão.

Desejo muitas luzes para esta Assembleia que se inicia e cujos resultados sem dúvida tem enorme importância para nosso povo.

Um forte e fraterno abraço.

Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil

Eucaristia: Deus se faz pão e nos torna irmãos

A Eucaristia é o sacramento que manifesta totalmente o nosso compromisso com o Nosso Senhor. Jesus a instituiu na última ceia que celebrou com os seus discípulos, na refeição da Páscoa. Ele sentou-se à mesa e disse: “Desejei muito comer com vocês essa Páscoa, antes de tudo que vou sofrer...” Ele pegou o pão e o vinho, deu graças a Deus e disse: “Isto é o Meu corpo que é dado por vocês. Este é o cálice do Meu sangue que será derramado para o perdão dos pecados” (1 Co 11, 24-25).

Esta ceia de Cristo com seus discípulos foi muito bonita e significativa, amiguinhos. Jesus disse que o pão é Seu corpo, e o vinho, Seu próprio Sangue, porque esta foi a forma mais simples que Ele encontrou para dizer que ficará sempre entre nós. Por isso, Jesus é o alimento para nossa vida cristã.

Hoje a Eucaristia acontece na missa, na hora da Consagração, momento em que Jesus está vivo e presente. A hóstia se torna o corpo de Cristo e o vinho o seu sangue. Em todas as missas, Jesus se torna presente para o nosso alimento. Sem a fé, ninguém entende a Eucaristia. É por isso que o padre, na missa, diz após a consagração: “Eis o mistério da nossa fé”.

*Os textos desta coluna são baseados na “Bíblia para Crianças”, da Editora Canção Nova.