quarta-feira, 5 de maio de 2010

Família: Mães, colaboradoras especiais de Deus

Em maio, nossas atenções voltam-se naturalmente para a celebração do Dia das Mães. A data e suas comemorações são excelente oportunidade para fecundas reflexões em torno da vocação de nossas mães. A poetisa e filósofa alemã Gertrud von Le Fort aponta para a altíssima e sublime missão que o próprio Deus concedeu a elas: “Quando Deus tem o seu altar no coração da mãe, a casa toda se torna seu templo!”

Essa convicção ganha mais sentido quando a associamos à história de tantas mães que, nestes dois milênios de cristianismo, educaram grandes santos. Que o digam as mães de Santo Agostinho, de Santa Luzia, de São Sebastião, de São João Bosco e as mães de tantos santos e santas, ou de verdadeiros cristãos e cristãs que dignificaram a história da Igreja.

Missão na família e na sociedade

O Documento de Aparecida (456) destaca a singular missão das mães na família e na sociedade: “É urgente valorizar a maternidade como missão excelente das mulheres. Isso não se opõe a seu desenvolvimento profissional e ao exercício de todas as suas dimensões, o que permite serem fiéis ao plano original de Deus que dá ao casal humano, de forma conjunta, a missão de melhorar a terra. A mulher é insubstituível no lar, na educação dos filhos e na transmissão da fé. Mas isso não exclui a necessidade de sua participação ativa na construção da sociedade. Para isso, é necessário propiciar uma formação integral de maneira que as mulheres possam cumprir sua missão na família e na sociedade”.

Em seguida, o mesmo Documento (457) aponta para o “ministério” da mulher-mãe a serviço da vida: “A Igreja é chamada a compartilhar, orientar e acompanhar projetos de promoção da mulher com organismos sociais já existentes, reconhecendo o ministério essencial e espiritual que a mulher leva em suas entranhas: receber a vida, acolhê-la, alimentá-la, dá-la à luz, sustentá-la, acompanhá-la e desenvolver seu ser mulher, criando espaços habitáveis de comunidade e comunhão. A maternidade não é uma realidade exclusivamente biológica, mas se expressa de diversas maneiras. A vocação materna se cumpre através de muitas formas de amor, compreensão e serviço aos demais. A dimensão maternal também se concretiza, por exemplo, na adoção de crianças, oferecendo-lhes proteção e lar”.

Especial colaboradora de Deus

Procriar filhos é um fato que se encontra em toda a escala animal. A maternidade vai muito além do fenômeno biológico, enfatizou Aparecida. É a sua dimensão espiritual que lhe dá a grandeza plena; através dela, a mãe se torna especial colaboradora de Deus, tanto na obra da criação quanto da salvação.

Lúcia Jordão Villela, num de seus livros – O assunto é mulher – fala dessa maternidade espiritual que sobrepuja a maternidade física. Que o digam as “madres” dos colégios religiosos (nos quais se formaram gerações e gerações), além de outras grandes educadoras, e tantas mulheres que nunca se casaram, não tiveram filhos de sua carne, e são MÃES admiráveis na ordem do espírito e do coração. Quantas tias, quantas catequistas, sendo mais mães desses filhos do que as próprias mães que os geraram! Quantas jovens missionárias de hoje, corajosas pioneiras dessa nova forma de irradiação da mulher, vivendo em comunidades no meio do povo, nas favelas das grandes cidades ou nas comunidades do interior, se inscrevem também nessa linha de generosa doação de vida, apontando para seus filhos “na ordem do espírito e do coração”, os valores e o verdadeiro sentido da vida!

Maternidade física e espiritual

A maternidade, física e espiritual, comporta alegrias, responsabilidades e muitos sacrifícios. A mãe, por vocação e missão, é chamada à constante doação e renúncia de si própria. Não doação e renúncia que a diminuem, mas que engrandecem e tornam mais plena e realizada a sua vida de mãe. “Ser mãe é ter tudo e não ter nada. Ser mãe é padecer no paraíso!” – já escrevera o nosso poeta Coelho Neto.

A Igreja tem insistido sempre nessa responsabilidade materna da educação religiosa dos filhos. As mães são sempre as primeiras catequistas de seus filhos. “Os pais são os primeiros e principais educadores, e a família, a primeira escola de virtudes.” (João Paulo II, em Familiaris Consortio, 36.)

Realidade de muitas famílias hoje

O Diretório da Pastoral Familiar (nº 24) pondera: “A dupla jornada de trabalho e o acúmulo de papéis assumidos pela mulher, seja em razão do empobrecimento, seja pela procura de uma realização pessoal, deixam muitas vezes sem a devida assistência as crianças e os adolescentes. A presença da mulher-mãe é fator determinante para um sadio crescimento afetivo e integral do filho. A Igreja tem contribuído para a emancipação e a recuperação da dignidade da mulher, mas ao mesmo tempo sempre tem afirmado que ‘a verdadeira promoção da mulher exige também que seja claramente reconhecido o valor da sua função materna e familiar em confronto com todas as outras tarefas públicas e com todas as outras profissões’ (João Paulo II)”.

Mães, educação e oração

À mãe cabe educar e formar a consciência dos filhos, passar-lhes os princípios éticos e os valores que contam, dar-lhes a retidão e a firmeza, a fim de que possam enfrentar os desafios que a vida vai-lhes oferecer, das mais variadas e surpreendentes maneiras.

Na “escola da mãe”, os meios que mais têm proporcionado resultados são o exemplo de vida e a oração. Oração pelo marido, pelos filhos, pela união da família, oração por todos. A oração é tarefa primordial da mãe. “A oração é a mais poderosa forma de energia que se possa suscitar; uma força tão verdadeira quanto a gravitação universal” – confirma o grande sábio francês, Alexis Carrel, convertido após uma peregrinação a Lourdes. De fato, os primeiros ensinamentos da fé cristã são aprendidos “nos joelhos da mãe e no colo do pai”.

Pe. Sebastião Sant’Ana, SDN
(Belo Horizonte -MG)

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